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Baixa tecnologia alemã contra terremotos

Carlos Albuquerque18 de outubro de 2005

Um convênio entre universidade alemã e iraniana revive a técnica de enxaimel das paisagens idílicas da Floresta Negra ou da Serra Gaúcha. Um remédio ideal contra tremores de terra.

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Construção do século 17, em estilo enxaimelFoto: dpa

Apesar de o governo alemão haver anunciado ajuda de vários milhões de euros às vítimas do terromoto de 8 de outubro passado, no Paquistão, o melhor remédio para o combate a catástrofes naturais é a prevenção. Não é difícil constatar que a grande maioria das vítimas de um terremoto morre sob os escombros de suas casas, escolas ou local de trabalho.

Impulsionado pela catástrofe sísmica de 2003, no Irã, um convênio entre as faculdades de Engenharia da Universidade de Wuppertal, na Alemanha, e da Universidade de Isfahan, no Irã, retoma a técnica tradicional da arquitetura enxaimel (Fachwerk) na procura de construções resistentes a terremotos.

Tais construções não são necessariamente novidades, como provam os arranha-céus de centenas de metros de altura nas grandes cidades asiáticas. A particularidade desta retomada do sistema construtivo tradicional europeu é, além da transposição intercultural, o reconhecimento de certas vantagens desta tecnologia, que antes não haviam sido aproveitadas.

Fundações, diagonais e encaixes

Fachwerkhaus
Maquete virtual do projeto teuto-iraniano em enxaimelFoto: uni wuppertal

Se observarmos atentamente, o sistema construtivo em enxaimel foi o precursor da planta livre da arquitetura moderna, ou seja, as paredes são independentes da estrutura de madeira autoportante. Tradicionalmente, a fundação do enxaimel é em pedra ou alvenaria e a cobertura em ardósia ou palha.

A vantagem é o reforço no escoramento das paredes através de vigas diagonais, não presentes nas construções em taipa tradicionais. Outro ponto essencial é a fundação. As casas projetadas repousam sobre um fundamento rolante, técnica já utilizada em regiões passíveis de terremotos. O tamanho dos painéis de enchimento das paredes também é reduzido, evitando, assim, um grande desabamento de cargas no caso de tremores de terra.

Assim como no Brasil, onde o enxaimel assumiu caráter regional com varandas e telhados em ângulo menor que 45°,o projeto teuto-iraniano faz uso do pátio, do teto plano e do fechamento de aberturas para a rua como forma de adaptação local.

Projeto fadado ao sucesso

Uma diferença essencial e até questionável entre as duas técnicas é a substituição da estrutura em madeira por perfis metálicos. O sistema tradicional em encaixes de madeira se adaptaria mais facilmente aos movimentos sismológicos, entretanto, há falta do material no Irã e a utilização de perfis metálicos faz o projeto atraente para a iniciativa privada alemã. Uma firma de perfis metálicos do Leste alemão deve ocupar-se da construção de 1000 casas e outras 9000 devem segui-las.

O convênio entre as universidades também engloba o intercâmbio estudantil entre iranianos e alemães. Ele é uma prova de que a melhor solução ainda é a mais fácil.