Compra de submarinos alemães provoca controvérsia em Israel
20 de novembro de 2016O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta pressão crescente da oposição e acusações de corrupção, devido a sua decisão de levar adiante a compra de três submarinos da Alemanha.
"Reforçar a segurança do Estado de Israel foi minha única consideração ao comprar esses submarinos", alegou o político conservador durante uma sessão de gabinete neste domingo (20/11). "Eles são sistemas armamentistas estratégicos que asseguram o futuro e a própria existência de Israel nas próximas décadas."
Netanyahu é acusado de ter realizado a transação de 1,4 bilhão de euros desafiando a resistência expressa do Ministério da Defesa. Além disso, seus críticos alegam conflitos de interesse desde que se revelou que David Shimron, consultor jurídico pessoal do chefe de governo, representara tanto a firma alemã Thyssen-Krupp, que construiu os veículos da classe Dolphin, quanto um empresário israelense que lucraria com os trabalhos de manutenção.
Shimron, o Conselho Nacional de Segurança e o gabinete de Netanyahu rechaçam as acusações. Políticos oposicionistas exigem a formação de uma comissão de inquérito para o caso.
"Shimron é representante oficial do primeiro-ministro e também advogado particular da família Netanyahu. Ele mete a colher em todas as panelas. E, de todas as pessoas, era justamente Netanyahu a não saber que ele estava envolvido com os submarinos?", indaga Ben-Dror Yemini, colunista do jornal Yedioth Ahronoth.
O ex-ministro da Defesa Moshe Yaalon procurou distanciar-se da vultosa compra, afirmando não estar informado sobre as negociações. "Fui veementemente contra a aquisição de outros três submarinos", escreveu em sua página oficial do Facebook, reivindicando a investigação das "muito perturbadoras" imputações.
Os submarinos são elemento importante na estratégia de intimidação militar do Irã. As Forças Armadas israelenses dispõem atualmente de cinco embarcações alemãs, a que uma sexta se reunirá em 2018. Segundo o Ministério da Economia em Berlim, cada uma custou aproximadamente 600 milhões de euros, sendo a compra em parte financiada com verbas dos contribuintes alemães.
Na Alemanha a venda dos submarios é controvertida, pois teoricamente eles estariam capacitados a lançar mísseis nucleares. Israel é considerada uma potência nuclear, ainda que o governo jamais tenha admitido possuir armas desse tipo.
AV/ap,dpa