Eleição na Tailândia é marcada por distúrbios e protestos
2 de fevereiro de 2014Após distúrbios maciços durante as eleições parlamentares na Tailândia neste domingo (02/02), a comissão eleitoral do país adiou o anúncio dos resultados do pleito. A votação foi impedida em mais de 10% das zonas eleitorais em todo o país.
Em algumas regiões da capital, Bangcoc, e em bastiões dos críticos do governo no sul do país, manifestantes bloquearam o transporte de urnas e também interditaram o acesso a locais de votação. Entretanto, não houve uma intensificação da violência, como muitos temiam.
As pessoas não conseguiram votar em alguns distritos de 14 províncias do sul, com eleições tendo sido canceladas totalmente em nove províncias na mesma região, tradicional base de apoio do oposicionista Partido Democrata, que boicotou a eleição.
O Parlamento não vai poder ser reunido, já que o número de deputados eleitos não chega a 95% dos 500 assentos no Parlamento.
Oposição quer governo de transição
Os opositores do governo acusam a primeira-ministra Yingluck Shinawatra e sua família de corrupção em grande escala. Eles pedem reformas políticas sob um governo de transição, antes que novas eleições aconteçam.
Neste domingo, milhares de pessoas voltaram a protestar no centro de Bangcoc, ocupado desde 13 de janeiro. Elas pretendem continuar as manifestações. Muitos políticos da oposição querem entrar com recurso para anular a eleição, alegando irregularidades.
O líder dos protestos, Suthep Thaugsuban, que há semanas promove manifestações na capital tailandesa, anunciou para segunda-feira uma nova passeata na cidade.
O governo, no entanto, se mostrou satisfeito que tantos locais de votação tenham permanecido abertos. A primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, agradeceu aos eleitores. Seu vice, Phongthep Thepkanjana, convocou a Comissão Eleitoral a organizar eleições adicionais dentro de sete dias.
Votações adicionais
Uma nova votação é necessária para quase meio milhão de eleitores registrados, que foram impedidos de depositar seus votos num pleito antecipado no último fim de semana. Este deve ocorrer, de acordo com a comissão eleitoral, em 23 de fevereiro.
No sábado, seis pessoas ficaram feridas durante tiroteio entre opositores e ativistas da situação em Bangcoc.
As eleições antecipadas foram convocadas em dezembro pela primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, após semanas de protestos contra o governo.
A premiê é irmã do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 por um golpe de Estado. Os oposicionistas a consideram uma marionete do irmão, que vive no exílio em Dubai.
Lei de anistia foi estopim da crise
O ex-primeiro-ministro foi destituído pelos militares quando estava em viagem no exterior, tendo sido condenado à prisão por abuso de poder em seu país.
O estopim dos protestos foi a aprovação, em novembro, de um projeto de lei de anistia permitindo que Thaksin Shinawatra voltasse ao país como homem livre. Pouco tempo depois, no entanto, o Senado rejeitou o projeto de lei, e o governo também anunciou que desistiria da lei que permitiria a volta de Thaksin à Tailândia.
Mesmo assim, os manifestantes não querem que Thaksin continue a exercer mais influência na política tailandesa. O governo em Bangcoc não faz esforços para esconder que o ex-primeiro-ministro participa de decisões a partir do exterior.
MD/dpa/efe