Eleições antecipadas serão duras para Netanyahu
8 de dezembro de 2014De acordo com as últimas pesquisas de opinião, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem motivos para ficar nervoso quanto a seu futuro político. Nesta segunda-feira (08/12), os parlamentares israelenses aprovaram a dissolução do Knesset, abrindo caminho à antecipação das eleições para 17 de março de 2015, dois anos antes do prazo normal.
A lei havia sido aprovada por unanimidade numa primeira leitura na última quarta-feira, depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter anunciado que sua coalizão de governo não era mais funcional.
A atual coalizão foi eleita somente há 22 meses – pela primeira vez sem partidos ultraortodoxos e, na ocasião, também depois de eleições antecipadas. Menos de dois anos depois, os eleitores israelenses terão que escolher um novo governo para o país.
No entanto, não é nada certa a reeleição do premiê conservador para um quarto mandato. Alguns observadores até dizem que "tudo é possível": embora há muito tempo no poder, Netanyahu pouco conseguiu até agora. Além disso, eles o responsabilizam pela antecipação das eleições, que custarão 500 milhões de dólares ao contribuinte israelense.
Resistência dentro do próprio partido
Para Benjamin Netanyahu, as últimas sondagens de intenção de voto são realmente preocupantes. Uma pesquisa de TV israelense apontou que 65% dos entrevistados teriam se manifestado contra um novo mandato; somente 30% gostariam de tê-lo novamente à frente do governo.
Outra pesquisa de opinião do jornal Ma'arivtambém prognosticou tempos difíceis para o atual premiê. Embora a ala direitista siga liderando a política nacional, até agora não se sabe quem a comandará. Tanto Naftali Bennett, líder do partido nacionalista religioso e pró-assentamentos Lar Judaico, quanto o atual ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, com seu partido Israel é Nossa Casa, querem se envolver em nível governamental.
Além disso, dois políticos do próprio Likud, a aliança de partidos conservadores comandada por Netanyahu, podem vir a lhe fazer concorrência: Gideon Saar, ex-ministro do Exterior que havia anunciado há dois meses a saída da política, e Moshe Kahlon, ex-pessoa de confiança do primeiro-ministro e ex-membro do Likud. Antigo ministro das Comunicações, Kahlon poderia participar do pleito com um partido próprio, tendo grandes chances de atrair eleitores até mesmo da ala centro-esquerdista.
Concorrência da oposição
No último fim de semana, o líder oposicionista Isaac Herzog, do Partido Trabalhista, e a ex-ministra da Justiça Zipi Livni, do partido liberal Hatnua (Movimento), confirmaram negociações avançadas sobre uma lista eleitoral conjunta. Uma das prioridades dessa aliança seria a retomada das conversações de paz com os palestinos.
"Haverá uma lista conjunta, porque nós – diferentemente da última eleição – temos o objetivo conjunto de impedir Netanyahu", explicou Livni na TV israelense. A política, que até agora havia sido negociadora-chefe com os palestinos na fracassada coalizão de centro-direita, enfatizou suas boas relações com Herzog e com o líder do liberal de direita Partido do Futuro, Yair Lapid. No início de dezembro, Lapid e Livni foram demitidos do gabinete do governo.
De acordo com recente pesquisa encomendada pela revista de economia Globes, uma lista eleitoral conjunta do Partido Trabalhista e do Hatnua poderia chegar a 24 assentos no Knesset, contra 22 para o Likud de Netanyahu, que se tornaria assim a segunda força parlamentar. O partido de Lapid, que conta atualmente com 19 assentos e forma a maior bancada parlamentar, está em franco declínio e poderia também estar interessado numa aliança.
CA/dw/afp/dpa