França diz "oui" para o casamento gay
1 de julho de 2012O presidente francês François Hollande vai usar a maioria obtida nas eleições legislativas, há duas semanas, para cumprir suas promessas de campanha, entre as quais o casamento gay e a adoção de crianças por parceiros de mesmo sexo.
O gabinete presidencial divulgou comunicado na sexta-feira (29/6), comprometendo-se a aprovar a legislação dentro dos próximos cinco anos, sem especificar datas.
"O governo fez disso um objetivo para os próximos meses. Vai trabalhar para implementar suas promessas de campanha, comprometido com a luta contra a discriminação relacionada a orientação sexual e identidade de gênero", declarou o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault.
O partido conservador UMP, que se opôs à medida durante o governo do ex-presidente Nicolas Sarkozy, pode fazer pouco para evitar a iniciativa socialista de aprovar uma lei que garanta plenos direitos de casamento aos pares sexuais.
Com esta reforma, a França se equipara a outros países da União Europeia como Dinamarca, Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda e Suécia. Atualmente, a França permite apenas a união civil de mesmo sexo.
O governo também pretende discutir caminhos para facilitar a vida dos transgêneros, cujos trâmites legais atualmente são bastante complexos devido a mudanças de nome e de sexo.
Para Hollande, possibilitar o casamento gay ajudaria a fortalecer sua imagem como homem de palavra e um agente para a mudança social progressiva.
Mudando pontos de vista
Há apenas seis anos, pesquisas indicavam que a maioria dos franceses era contrária às mudanças na definição de casamento em âmbito legal, a fim de incluir casamentos de pessoas do mesmo sexo. De acordo com a pesquisa da BVA, isso mudou de forma marcante, com mais de 60% das pessoas apoiando a idéia nos dias de hoje.
Mais de dois terços dos franceses ainda descrevem a si próprios como "católicos apostólicos romanos", mas o comparecimento à igreja vem caindo nos últimos anos. Poucos católicos hoje aceitam estritamente os preceitos da igreja sobre questões sexuais.
Conservadores e católicos praticantes, entretanto, ainda são bastante contrários à permissão do casamento gay e à adoção de crianças por parceiros do mesmo sexo.
"Nós estamos convencidos de que o desenvolvimento dos jovens exige a presença de uma mãe e de um pai", disse Thierry Vidor, coordenador da Families de France, central de organizações que representam 70 mil famílias e promove campanhas pelos direitos das famílias tradicionais.
"Nós vamos iniciar ações para tentar mostrar que essas medidas recentes são nocivas à sociedade."
MP/dw/afp/rtr
Revisão: Francis França