Itália condena capitão por tráfico de pessoas e homicídio
13 de dezembro de 2016A Justiça italiana condenou dois tripulantes de uma embarcação que transportava ilegalmente migrantes no Mar Mediterrâneo em direção à União Europeia, e naufragou próximo à costa da Líbia em abril de 2015. O barco virou quando os passageiros correram todos para um lado, buscando salvamento. Pelo menos 700 morreram.
Nesta terça-feira (13/12), o capitão da embarcação, o tunisiano Mohammad Ali Malek, foi condenado a 18 anos de prisão e a pagar uma multa de 9 milhões de euros pelos crimes de homicídio, tráfico de seres humanos e pela colisão da embarcação superlotada contra um navio de carga que vinha em seu socorro. O adjunto do capitão, o sírio Mahmud Bikhit, foi condenado a cinco anos de prisão e a uma multa de 9 milhões de euros por facilitação de imigração ilegal e pela colisão.
Somente 28 pessoas sobreviveram ao naufrágio. Os acusados inicialmente mentiram sobre suas identidades, dizendo-se apenas migrantes que assumiram o comando da embarcação por ordens dos traficantes, quando o capitão teria morrido no naufrágio. Essa versão, contudo, foi contestada pelos sobreviventes, que culparam ambos pela colisão. Os advogados de defesa anunciaram que vão recorrer da sentença.
O promotor Carmelo Zuccaro frisou que o caso reforça dois importantes princípios jurídicos: confirma a jurisdição da Itália para julgar casos de imigração ilegal em águas internacionais; e que os migrantes salvos devem ser considerados como vítimas, não suspeitos.
No início do ano, a Marinha italiana recuperou a embarcação do fundo do mar, localizando 675 corpos. Peritos trabalham na identificação das vítimas. O navio levava cidadãos da Argélia, Somália, Egito, Senegal, Zâmbia, Mali, Bangladesh e Gana.
Esse acidente marítimo, considerado o pior ocorrido no Mediterrâneo desde a Segunda Guerra Mundial, levou líderes da UE a criarem uma missão europeia de resgate e salvamento na região. Nos últimos três anos, mais de 12 mil migrantes morreram tentando chegar à UE pelo o Mediterrâneo, informa a Organização Internacional para Migração (OIT).
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