"Neo-Brasil" se fortalece e assiste à queda alheia
30 de junho de 2005O Japão cresceu, a Tunísia "apareceu" e o México surpreendeu. A Alemanha e a Argentina, potências do futebol mundial, declinaram e viram, na Copa das Confederações, um "Brasil sem Ronaldo" mostrar aos torcedores que o Mundial de 2006 pode ser mera brincadeira.
Não era isso o que projetavam os primeiros jogos do torneio que começou no dia 15 e terminou na última quarta-feira (29/6) com vitória verde-amarela por 4 a 1 sobre o seu maior rival. Alemães e argentinos fizeram grandes partidas na primeira fase, enquanto brasileiros ainda aqueciam as quatro turbinas de um motor que mais tarde funcionaria sem engasgos.
Kaká, Ronaldinho, Robinho e Adriano deram a Carlos Alberto Parreira uma alternativa à presença de Ronaldo, até então intocável no comando do ataque brasileiro. "Eu não tenho lugar garantido", já admitiu o astro do Real Madrid.
Apontado como "fenômeno", ele não ficou de fora apenas da Copa das Confederações, quando sentiu que os concorrentes representam grandes ameaças ao seu posto no time nacional.
O atacante também não participou dos dois últimos jogos das Eliminatórias Sul-Americanas, quando a formação com o "quarteto" goleou o Paraguai por 4 a 1 em Porto Alegre e dois dias depois levou 3 a 1 dos argentinos em Buenos Aires.
O passado mais distante, entretanto, parece que não conta muito para Parreira na hora de definir os seus preferidos. "Torneios como a Copa das Confederações são importantíssimos. Eu pude observar 21 jogadores e tiramos algumas conclusões. Aqueles que disputam e vencem uma competição levam vantagem sobre os demais", avisou.
"O meu desafio é aproveitar todo esse talento e formar um time. Dirijo os melhores atletas, que começam a formar a melhor seleção do mundo. Precisamos agora trabalhar para melhorarmos o que já foi conseguido", completou.
Adriano, da Inter de Milão, também conhecido como "Imperador", é a maior sombra de Ronaldo. Ele foi o artilheiro da "Minicopa" com cinco gols, eleito o melhor jogador do torneio e se tornou o xodó do treinador. Robinho, que já desponta como uma das estrelas do futebol mundial, é nome quase certo na lista para o Mundial de 2006.
Os outros
Os 12 gols marcados por Adriano e cia. engrossaram as estatísticas da melhor Copa das Confederações já realizada. Ao todo, as redes balançaram 56 vezes, superando os 55 tentos marcados no México em 1999.
O torneio disputado na Arábia Saudita em 1997 registrou 51 gols, o da França em 2003 fez a torcida vibrar 37 vezes, e a Coréia do Sul e o Japão, em 2001, viram 31 comemorações. Competições experimentais no Oriente Médio em 1992 e 95 contaram com 18 e 19 gols, respectivamente.
Neste ano, a Alemanha com um "ataque estrangeiro" formado pelo polonês Podolski, o africano Asamoah e o brasileiro Kuranyi, além do único alemão Hanke, foi a equipe que mostrou mais poder de fogo – marcou 15 vezes.
Em compensação, deixou a desejar quando foi realmente exigida. Na semifinal levou 3 a 2 da Argentina, que na decisão igualmente decepcionaria ao ser goleada pelo Brasil.
Schweinsteiger, um jovem de apenas 20 anos de idade, foi o grande destaque do time da casa. O meia do Bayern de Munique é o jogador mais valioso da Alemanha atualmente. Assim como Riquelme é para a Argentina. E não Figueroa, que surgiu como goleador e logo sentiu a pressão do sucesso repentino.
Nakamura, do Japão, que fez o Brasil suar a camisa em um empate emocionante por 2 a 2, Francileudo, brasileiro naturalizado que defende a Tunísia, e Zinha e Borgetti, que conduziram o México a um lugar de destaque. Os quatro são nomes que deixarão saudades na Alemanha, e que provavelmente voltarão ao país em menos de um ano.