Esporte contra câncer
8 de novembro de 2011Pessoas com um bom condicionamento físico estão menos expostas ao câncer do que os sedentários. Apesar de a especulação ser antiga, apenas recentemente evidências médicas ajudaram profissionais da saúde a chegar a esta conclusão. Uma série de estudos feitos principalmente nos Estados Unidos relacionados ao câncer de mama, intestino e próstata desde o início dos anos 2000 reforçaram a tese – o Nurses Health Study, da Universidade de Harvard, foi um dos que mais trouxeram contribuições nesse sentido.
Em todo o mundo, as pesquisas feitas na área já examinaram mais de 120 mil pessoas. Segundo o pesquisador Martin Halle, da Universidade Técnica de Munique, a prática de atividades físicas é um fator decisivo. "A ativação da musculatura influencia o metabolismo, a reação a infecções e outros fatores, como hormônio de crescimento, e leva as células cancerígenas em estágio inicial a se destruírem." Entre outros fatores, a programação autodestrutiva dessas células estaria na ligação entre esporte e prevenção do câncer, adicionou Halle.
Mais exercício físico
Quando se trata de câncer de intestino, a prática regular de esporte diminui em 25% o risco de contração dessa doença. E não é preciso potência máxima: meia hora diária de nordic walking, uma modalidade de caminhada que requer a ajuda de bastões semelhantes aos do esqui, ou 45 minutos de pedalada bastam. É recomendável que, pelo menos algumas vezes na semana, a prática do exercício físico provoque um pouco de transpiração.
Para os mais adeptos ao esporte, as chances de contrair câncer são ainda menores – meia hora de corrida leve diminui em 40% o risco de câncer de intestino. "O efeito depende da dosagem", completa Michael Schoenberg, cirurgião-chefe do hospital da Universidade Técnica de Munique.
Esporte e quimioterapia
Os resultados das novas pesquisas sugerem que, quando diagnosticado o câncer, o paciente deve praticar mais exercícios físicos. Segundo narrou uma paciente, logo após o choque da notícia da doença ter passado, o planejamento da prática esportiva – constantemente adiado – passou a fazer parte do cotidiano. Há dois anos e meio, foi diagnosticada que ela tinha câncer de mama: "De manhã eu vou à quimioterapia e à tarde pratico esporte", contou.
Pode-se dizer que tal associação era impensável há 20 anos. Isso porque os medicamentos usados até então comprometiam o paciente de tal maneira que a prática do exercício físico era quase impossível.
A recomendação, no entanto, não se aplica a todos os casos: quem, por exemplo, tem metástases ósseas, corre o risco de quebrar um osso durante a prática esportiva. Nesses casos, os especialistas desaconselham o esporte.
Em geral, no entanto, observa-se uma mudança de paradigma, como ressalta Martin Halle: "Vemos com frequência cada vez maior que o treino físico em pequenas doses durante a quimioterapia é de muita ajuda."
Tratamento do câncer
Atividades esportivas dão ao paciente a sensação de que ele próprio contribui para a cura, e que não depende passivamente da ação exclusiva do medicamento. Ainda há outras vantagens medicinais: o hemograma se normaliza com maior rapidez, efeitos colaterais da quimioterapia, como dores intestinais ou diarreia, não são mais sentidos com tanta gravidade pelo paciente.
E quem continua praticando esporte após o fim do tratamento diminui as chances de reincidência. Segundo Halle, em comparação com a quimioterapia, que nem sempre tem o efeito desejado, o esporte é notadamente um tratamento de baixo custo. E que, como os médicos já sabem, pode contribuir com a cura definitiva.
Autores: Hellmuth Nordwig / Gudrun Heise (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer