Premiê da Tailândia dissolve Parlamento e anuncia novas eleições
9 de dezembro de 2013Após semanas de protestos na Tailândia, a primeira-ministra Yingluck Shinawatra anunciou a dissolução do Parlamento e a realização de novas eleições o mais rápido possível. Em discurso televisionado, nesta segunda-feira (09/12), ela também anunciou que seu gabinete continuará a governar interinamente.
Mesmo assim, as manifestações contra o governo continuam no país. Mais de 100 mil pessoas foram novamente às ruas, nesta segunda-feira, protestar contra o governo. Com bandeiras e apitos, os manifestantes provocaram um grande caos nas ruas de Bangkok. Os organizadores esperavam que o número chegasse a 1 milhão.
Após a escalada da violência nos protestos de rua, há uma semana, a polícia utilizou canhões de água e gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Ao menos quatro pessoas morreram e 260 ficaram feridas. Em seu discurso na TV, a primeira-ministra justificou que o "Parlamento não quer que a Tailândia e os tailandeses tenham de sofrer ainda mais perdas. A Tailândia já sofreu demais".
A chefe de governo explicou ainda que ela teria conversado com "diversos partidos", tendo depois decidido pedir a dissolução do Parlamento junto ao rei Bhumibol Adulyadej.
O líder dos protestos, Suthep Thaugsuban, havia declarado anteriormente que não estava interessado em novas eleições. Ele disse querer a nomeação de um "conselho popular", não eleito, que substituiria o atual governo e outorgaria uma nova Constituição. Dessa forma, o "regime Thaksin" deveria ser eliminado por completo, afirmaram os oposicionistas.
Irmã e marionete
Yingluck é a irmã do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 por um golpe de Estado. Os oposicionistas consideram Yingluck apenas uma marionete do irmão, que vive no exílio em Dubai.
Ele foi derrubado pelos militares quando estava de viagem para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, tendo sido condenado à prisão por abuso de poder em seu país.
No início de novembro, o estopim dos protestos de rua foi a aprovação de um projeto de lei de anistia, que permitiria que Thaksin Shinawatra voltasse ao país como um homem livre. Pouco tempo depois, no entanto, o Senado rejeitou o projeto de lei. E o governo também anunciou que desistiria da lei que permitiria a volta de Thaksin à Tailândia.
Mesmo assim, os manifestantes não querem que Thaksin continue a exercer mais influência na política tailandesa. O governo em Bangkok não faz esforços para esconder que o ex-primeiro-ministro participa de decisões a partir do exterior.
Novas eleições
Entre os manifestantes desta segunda-feira estavam também vários deputados do maior partido oposicionista do país, o Partido Democrático. Eles renunciaram em protesto ao seus cargos, um dia antes do anúncio de dissolução do Parlamento. A oposição rejeita a realização de novas eleições por temer que o atual governo seja reeleito com o apoio dos camponeses.
O líder do Partido Democrático, Abhisit Vejjajiva, disse considerar a dissolução do Parlamento como primeiro passo para a distensão da crise política. No entanto, a oposição exige que a atual administração não participe mais das decisões governamentais, nem mesmo como governo interino.
Após a dissolução do Parlamento, Yingluck deverá ser candidatar novamente à chefia de governo na Tailândia. "Ela definitivamente vai participar das eleições", declarou Jarupong Ruangsuwan, líder do Puea Thai, o partido de Yingluck Shinawatra.
No domingo, Yingluck anunciou que renunciaria caso isso fosse exigido pela maioria dos tailandeses. No entanto, espera-se que ela saia vencedora de um novo pleito. Ela conta com o apoio da população mais desfavorecida no campo, apoio que angariou por meio de altas subvenções estatais aos plantadores de arroz.
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