Republicanos criticam apoio alemão a negociações com Irã
13 de março de 2015Os republicanos rebateram com acidez as críticas feitas pela Alemanha sobre uma carta divulgada por eles ameaçando quebrar qualquer acordo fechado agora com o Irã caso assumam a Casa Branca. Nesta quinta-feira (12/03), após o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, dizer que a mensagem poderia colocar em risco as costuras feitas até agora, o senador John McCain disse que Steinmeier não tem "credibilidade" para criticar a posição republicana.
"O ministro do Exterior alemão é a mesma pessoa que se recusa – assim como seu governo – a impor qualquer restrição ao comportamento de Vladimir Putin, que está matando ucranianos enquanto nós conversamos aqui", disse McCain a repórteres. "Para mim, ele não tem credibilidade alguma."
O senador republicano ainda afirmou que Steinmeier faz parte da escola de diplomacia de "Neville Chamberlain", uma referência ao ministro britânico que, em 1938, assinou o Acordo de Munique, concedendo algumas áreas da então Tchecoslováquia à Alemanha de Adolf Hitler.
McCain não foi o único a relembrar a Segunda Guerra para rebater as críticas do ministro alemão. Em entrevista a uma rádio, o senador republicano Ted Cruz declarou que o que ele considera uma capitulação dos Estados Unidos e da Europa ao Irã lembra a política de apaziguamento junto a Hitler, e que o momento lembra "Munique em 1938".
Dificuldades às negociações
Em seu segundo dia de visita diplomática aos Estados Unidos, Steinmeier fez coro com a Casa Branca nas críticas à carta assinada por 47 senadores na qual eles são categóricos: um eventual acordo com Teerã só será válido durante a gestão do presidente democrata Barack Obama. O ministro afirmou que o posicionamento dos republicanos torna as coisas mais difíceis.
"De repente, o Irã pode nos questionar: 'as propostas de vocês são realmente confiáveis, se 47 senadores dizem que, não importa o que o governo concordar agora, depois poderão tirar da mesa de negociação?'", disse Steinmeier na quinta-feira em Washington.
O ministro ressaltou que os líderes ocidentais não estão tratando de "causas pequenas". "Esta não é uma questão política interna americana", ressaltou. Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China também participam como parceiros dos EUA nas negociações com o Irã.
Líderes ocidentais acusam o governo iraniano de desenvolver armas nucleares sob o pretexto de um programa nuclear civil. Teerã nega a intenção.
Na próxima segunda-feira, o ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, participará em Bruxelas de um encontro com Steinmeier, o secretário americano de Estado, John Kerry, e os ministros do Exterior da França, Reino Unido, Rússia e China em mais uma tentativa de se chegar a um acordo até o fim de março. Países ocidentais estão dispostos a afrouxar as sanções impostas ao Irã caso se chegue a um acordo.
MSB/dpa/rtr/afp/ap