Socialistas espanhóis abrem caminho para formação de governo
23 de outubro de 2016Neste domingo (23/10), fontes do comitê federal do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) revelaram que o órgão decidiu, por 139 votos contra 96, pela abstenção do partido a uma nova candidatura à chefia de governo por parte de Mariano Rajoy, líder do Partido Popular (PP).
O Congresso dos Deputados (Parlamento) deverá reunir-se a partir de quarta-feira, esperando-se que uma primeira votação na quinta-feira impeça a investidura do líder do PP que, no entanto, passaria na segunda votação, prevista para sábado, com a abstenção dos deputados socialistas.
Uma vez conhecida a posição do PSOE, que evitará a realização de novas eleições gerais dentro de um ano, o rei Felipe 6° receberá na segunda e terça-feira os representantes dos partidos com assentos no Parlamento para verificar se há condições para apresentar um candidato à investidura, devendo propor a Rajoy que forme um governo antes do final do mês.
No caso de um novo governo não entrar em funcionamento até ao fim deste mês, Felipe 6° teria de dissolver o Parlamento e marcar novas eleições.
Fim de uma era?
A reunião do PSOE demorou quatro horas e decorreu de uma forma mais pacífica do que se previa inicialmente. No início de outubro, Pedro Sánchez demitiu-se como secretário-geral do PSOE, depois de ter defendido com firmeza o "não" a Rajoy contra os partidários da "abstenção" que acabaram por sair vencedores.
Os defensores do "não" receiam que a decisão dos socialistas possa significar que a coligação de partidos radicais de esquerda Unidos Podemos, a terceira força mais votada, passe a liderar a oposição ao PP. O líder provisório do PSOE, Javier Fernandez, tem insistido que "abstenção não significa apoiar" o novo governo.
O PP foi o partido mais votado em 20 de dezembro de 2015 e em 26 de junho último, mas sem maioria absoluta ou os apoios necessários para formar um governo.
O secretário-geral do Podemos, Pablo Igresias, considerou neste domingo que a decisão do PSOE de abster-se na segunda votação de investidura de Mariano Rajoy aponta para o "fim da alternância de poder como sistema partidário" e abre caminho para a "grande coalizão como alternativa".
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