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UE acusa Israel de ignorar apelos dos países parceiros

12 de dezembro de 2023

Chefe da diplomacia europeia lembra que G7 alertou contra ataques no sul da Faixa de Gaza e compara destruição no enclave à de cidades alemãs na 2ª Guerra. UE avalia sanções contra colonos israelenses na Cisjordânia.

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Chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, conversa com a imprensa na sede da UE em Bruxelas
Chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, avalia situação em Gaza como "catastrófica, e apocalíptica"Foto: Kenzo Tribouillard/AFP

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, acusou Israel de ignorar alertas dados por parceiros internacionais em sua estratégia na guerra contra o grupo extremista Hamas, na Faixa de Gaza.

"Dissemos, entre outras coisas nos encontros do G7, que Israel não deveria empregar no sul de Gaza as mesmas táticas utilizadas no norte", disse Borrell nesta segunda-feira (11/12), na ocasião de um encontro dos ministros do Exterior da UE em Bruxelas.

O diplomata disse que a reação israelense aos ataques brutais do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro – quando mais de 1,2 mil pessoas morreram e cerca de 240 foram sequestradas – causou um "número inacreditável de mortes de civis". Israel reagiu aos atentados com uma campanha de intensos bombardeios no norte do enclave palestino e obrigou a população a fugir para o sul do território.

Borrell, ao mesmo tempo em que ressaltou que o Hamas tem lugar cativo na lista de organizações consideradas como terroristas pela UE, criticou a intensidade extraordinária dos bombardeios no sul de Gaza. "Continuará igual, senão pior."

A situação no enclave palestino, segundo afirmou, é "catastrófica, apocalíptica". "A destruição dos edifícios em Gaza é parecida ou até maior do que a destruição sofrida por cidades alemãs na Segunda Guerra Mundial", criticou.

"As mortes de civis representam entre 60% e 70% do total de óbitos", afirmou, com base em dados do Ministério da Saúde de Gaza. Borrell disse ainda que "85% da população foi forçada a se deslocar."

Sanções a colonos na Cisjordânia

Ele ressaltou que a UE também está "alarmada pela violência perpetrada por colonos judaicos extremistas na Cisjordânia" e condenou a decisão israelense de aprovar a construção de 1,7 mil casas no leste de Jerusalém, o que Bruxelas considerou como uma violação das leis internacionais.

Borrell anunciou que enviará uma proposta aos Estados-membros da UE para impor sanções aos colonos judaicos que cometerem atos de violência contra civis palestinos. A medida deve ser elaborada nos moldes de uma proposta feita pelos Estados Unidos, que querem proibir a entrada no país de qualquer pessoa que "prejudique a paz, segurança ou estabilidade na Cisjordânia".  

As sanções europeias incluiriam ainda o congelamento dos bens dessas pessoas no bloco europeu. Além disso, punições contra o Hamas também estão sendo discutidas em Bruxelas.

Números da ONU demonstram que os ataques dos colonos mais do que dobraram desde os atentados do Hamas em Israel. "Está na hora de transformar palavras em ações e de começar a adotar as medidas que nós podemos tomar no que diz respeito à violência contra os civis da Cisjordânia", afirmou o diplomata.

Ele, porém, reconhece que ainda não há consenso entre os 27 Estados-membros da UE para a adoção das sanções aos colonos.

Borrell também criticou os EUA por vetarem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia um cessar-fogo humanitário na Faixa de Gaza. Ele classificou como lamentável a posição americana nessa questão.

Territórios disputados

A questão dos assentamentos judaicos é um dos pontos de maior tensão nas relações israelo-palestinas. Apesar de serem considerados ilegais pela maioria dos países, essas localidades vêm sendo constantemente expandidas por Israel nos últimos anos.

Os assentamentos foram construídos em territórios disputados que foram capturados por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967. Os palestinos reivindicam essas áreas, defendendo que elas devem pertencer ao futuro Estado palestino independente.

rc (AFP, Reuters, DPA, DW)