Venezuela reúne quase 600 mil em exercício cívico-militar
15 de janeiro de 2017O governo da Venezuela realizou neste sábado (14/01) um exercício cívico-militar envolvendo 76 mil militares e 500 mil civis, com o fim de mostrar que o povo e a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) podem defender o país no caso de invasão por uma "potência imperialista".
Desde o início da semana vinham sendo realizados treinamentos, e o Exercício de Defesa Integral Anti-Imperialista Zamora 200 culminou com o acionamento de todos os setores militares e, pela parte civil, conselhos comunais e coletivos organizados chavistas.
Ele foi supervisionado pessoalmente pelo presidente Nicolás Maduro a partir do estado central de Miranda. As manobras em terra, mar e ar incluíram defesa urbana e proteção das refinarias de petróleo costeiras.
"No interesse do Hemisfério Sul"
A meta do exercício de defesa seria resistir ao que o governo socialista define como um complô arquitetado pelos Estados Unidos para derrubá-lo. A televisão estatal mostrou imagens de soldados camuflados como arbustos gritando "Pátria socialista!", enquanto seus comandantes portavam equipamento de fabricação russa.
Salientando que o presidente dos EUA, Barack Obama, "com seu Prêmio Nobel da Paz", "levou a guerra a todos os cantos do mundo", Maduro afirmou que "a estabilidade da Venezuela é a estabilidade da América do Sul e do Caribe". Portanto, seria "de interesse comum" de todo o Hemisfério Sul defender a união do país, assim como sua estabilidade política, social, econômica e militar.
O comandante-geral da Guarda Nacional Bolivariana, Antonio Benavides, disse que o país está fazendo "história" ao realizar essa atividade para unir o povo e os militares, pela primeira vez. Segundo o ministro do Poder Popular, Aristóbulo Istúriz, o ato envia uma "mensagem direta ao imperialismo, à oligarquia internacional e à direita fascista": "É a reafirmação do compromisso anti-imperialista, do compromisso de defesa da pátria."
Casa Branca prorroga sanções
Na sexta-feira, os EUA estenderam a ordem executiva declarando "emergência nacional" na Venezuela, expedida em março de 2015. Ela foi seguida por sanções contra sete altos funcionários que haviam mandado prender manifestantes anti-Maduro durante uma onda de protestos que resultou em mais de 40 mortes.
Segundo a Casa Branca, a medida foi prorrogada devido à ausência de qualquer avanço na situação dos direitos humanos na Venezuela, incluindo a coerção da liberdade de imprensa e detenções arbitrárias. Além disso, a corrupção estaria se agravando.
Na semana anterior, três ativistas da oposição foram presos, e Henrique Capriles, candidato presidencial em duas eleições, está sendo investigado, podendo ser banido de todo cargo público. Nos últimos meses, oposicionistas tentaram depor Maduro, mas seus esforços por um pleito presidencial antecipado foram barrados.
A ministra venezuelana do Exterior, Delcy Rodriguez, classificou a ordem executiva americana como uma confirmação do legado de "ódio" de Obama contra o país, constituindo "grave violação do direito internacional".
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