Publicado pela primeira vez original do diário de Anne Frank
11 de maio de 2019Uma nova edição do diário de Anne Frank, um dos principais documentos sobre a perseguição nazista a judeus durante a Segunda Guerra Mundial, foi lançada neste sábado (11/05). Pela primeira vez, a versão original completa da obra, sem correções e retoques feitos então pela própria autora e por seu pai, é publicada.
Lançada na Alemanha, a versão completa do diário ganhou o título de Liebe Kitty: Ihr Romanentwurf in Briefen (Querida Kitty, seu rascunho de romance em cartas, em tradução livre) e foi idealizada pela especialista em Literatura Laureen Nussbaum, de 91 anos, sobrevivente do Holocausto que conheceu Anne e sua irmã Margot. Kitty era a destinatária imaginária de várias cartas escritas por Anne em seu diário.
"O diário que todos conhecemos é uma amálgama, uma mistura do diário espontâneo e de retoques posteriores feitos pela Anne", contou Nussbaum, que trabalhou 25 anos no projeto de reedição da obra.
Anne, cujo diário foi declarado patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), morreu em 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen e deixou duas versões de seu diário.
A primeira, que é chamada agora de versão A, começou a escrever espontaneamente, enquanto sua família estava escondida dos nazistas em Amsterdã. Depois, após escutar numa rádio uma chamada para documentar o sofrimento dos judeus holandeses, a jovem reescreveu parcialmente seu diário com a esperança de ver o texto publicado depois da guerra, o que resultou na chamada versão B.
Anne sonhava em ser escritora. Depois da guerra e de sua morte, seu pai preparou uma terceira versão, na qual optou por eliminar passagens que tinham a ver com as crises típicas da puberdade e misturou partes das duas versões. A nova edição inclui tanto a versão A como a versão B completas.
Anne nasceu em Frankfurt, na Alemanha, em 12 de junho de 1929 no seio de uma família judia que em 1934 foi para a Holanda fugindo do regime nazista. Em 1940, os nazistas invadiram a Holanda e em 1942 intensificaram a perseguição à população judaica, o que obrigou a família a se esconder em uma casa junto com outros perseguidos, onde permaneceram por dois anos.
O diário começa em 12 de junho de 1942, quando a jovem completou 13 anos. Ela escreveu por mais de dois anos durante a Segunda Guerra Mundial, até três dias antes do esconderijo da família ser descoberto. Em agosto de 1944, eles foram deportados para o campo de extermínio de Auschwitz. Somente o pai de Anne, Otto Frank, sobreviveu. Anne e a irmã morreram no campo de concentração de Bergen-Belsen no início de 1945, provavelmente de tifo. Anne tinha 15 anos.
Depois da guerra, Otto publicou o diário da filha, que se tornou um símbolo de esperança e resiliência. Escrito originalmente em holandês, o diário foi traduzido para dezenas de idiomas e é considerado um dos principais documentos da época nazista. A casa onde a família se escondeu em Amsterdã foi transformada em museu e é uma das atrações turísticas mais populares da cidade.
CN/efe/dpa/ots
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