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Ciclone Chido agrava crise na África Austral

Mimi Mefo
20 de dezembro de 2024

O ciclone Chido provocou devastação no norte de Moçambique, deixando pelo menos 73 mortos e mais de 500 feridos, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelas autoridades do país.

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Ciclone Chido afetou várias regiões do continente africano, incluindo a iha de Mayote
Ciclone Chido afetou várias regiões do continente africano, incluindo a iha de MayoteFoto: Adrienne Surprenant/AP/dpa/picture alliance

Milhares de pessoas ficaram desalojadas, particularmente nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, que registaram os impactos mais severos.

O fenómeno extremo não se limitou a Moçambique, tendo também afetado o Malawi e a ilha de Mayotte, no Oceano Índico. Os padrões meteorológicos cada vez mais extremos na África Austral têm sido associados ao aumento das temperaturas globais, como explicou Lucy Mtilatila, Diretora dos Serviços Meteorológicos e de Alterações Climáticas do Malawi.

"Tudo se deve ao aquecimento global, as temperaturas no Oceano Índico estão a aumentar mais do que o normal. E isso está a criar um ambiente propício ao desenvolvimento destes ciclones", alertou.

De acordo com o último balanço do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) de Moçambique, o ciclone Chido afetou mais de 320 mil pessoas em cinco províncias, incluindo Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Tete e Sofala.

Resposta humanitária e desafios

As organizações humanitárias mobilizaram-se rapidamente para prestar assistência às populações afetadas, mas a dimensão da destruição revela a urgência de mais apoio. Guy Taylor, representante da UNICEF em Moçambique, sublinhou as consequências imediatas e de longo prazo do ciclone.

"A UNICEF está preocupada com o impacto imediato deste ciclone - a perda de vidas, os danos nas escolas, casas e instalações de saúde. Mas também estamos preocupados com os impactos a longo prazo: crianças que podem ficar sem ir à escola durante semanas, pessoas sem acesso a cuidados de saúde, e a propagação de doenças como a cólera e a malária."

Na cidade de Pemba, foram criados abrigos de emergência para cerca de 2.800 pessoas. No entanto, o contacto com algumas áreas, como Memba, na província de Nampula, continua dificultado devido a cortes de energia.

Moçambique e Malawi enfrentam ainda o desafio de reconstruir infraestruturas destruídas por ciclones anteriores, como o Gombe, em 2022, e o Freddy, em 2023.

"Ainda não recuperámos. É muito difícil para as comunidades serem resilientes a estas catástrofes neste momento", lamentou Lucy Mtilatila, destacando a necessidade de medidas preventivas.

Apelo a ações globais e resiliência local

Os especialistas enfatizam a urgência de reforçar a resiliência das comunidades e adotar estratégias de adaptação. Mtilatila defendeu a realocação de comunidades vulneráveis, a construção de infraestruturas resistentes e a adaptação das práticas agrícolas.

"Ao sermos afetados por estes ciclones, estamos a aprender muito. Por isso, quando estamos a reconstruir, fazemos melhor para não nos tornarmos vulneráveis", explicou.

Com as alterações climáticas a intensificarem a frequência e gravidade destes fenómenos, cresce também o apelo por maior apoio internacional para combater as causas do aquecimento global e mitigar os seus efeitos devastadores. 

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