"Governo ilegítimo": Lutero Simango não reconhece resultados
24 de dezembro de 2024“Recusar o diálogo construtivo, inclusivo, participativo é adiar o futuro de Moçambique, e adiar o futuro de Moçambique significa alimentar mais violência. Já chega de violência, já chega (…). Não podemos esperar para o dia de amanhã ou vamos acordar sem Moçambique nas nossas mãos”, afirmou Lutero Simango esta terça-feira (24.12), em conferência de imprensa, em Maputo.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
De acordo com a proclamação feita, Venâncio Mondlane, que desde 21 de outubro tem convocado manifestações e paralisações em todo o país contra o processo eleitoral, registou 24,19% dos votos, Ossufo Momade 6,62% e Lutero Simango 4,02%.
“O candidato que foi anunciado ontem [segunda-feira] e o seu partido não são solução dos problemas dos moçambicanos”, afirmou Simango, garantindo que os resultados proclamados conduzem a um “Governo ilegitimo e um Governo não popular”.
Além de Lutero Simango, que lidera o terceiro partido com representação parlamentar, também os restantes dois candidatos presidenciais da oposição, Venâncio Mondlane e Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), não reconhecem os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional, que não são passíveis de recurso.
“Não reconhecemos os resultados. Não se pode aceitar a fraude eleitoral e é por essa razão que o MDM sempre defendeu a anulação das eleições. E essa teria sido a decisão mais acertada para poder criar não só um ambiente de paz, assim como buscar uma outra verdade eleitoral”, afirmou, garantindo que o MDM continua a apontas as mesmas irregularidades no processo eleitoral.
“Discrepâncias, enchimento nas urnas, falsificação de editais, manipulação de resultados e má gestão de todo o processo eleitoral em cadeia, desde o recenseamento eleitoral até ao tratamento dos resultados expressos nas urnas”, disse ainda Simango, garantindo que “Moçambique está em crise” e que por isso “o diálogo político tem de ser muito urgente”.
“Para ultrapassar esta crise tem de haver um diálogo inclusivo, sincero e honesto”, insistiu, pedindo um “compromisso político para as reformas do Estado” e para “estabelecer políticas públicas” para servir a população, que passam “necessariamente pela despartidarização do Estado, revisão da Constituição da República e um novo código eleitoral.