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Moçambique: Deputados tomam posse entre boicotes e protestos

António Deus | DW (Deutsche Welle)
13 de janeiro de 2025

As próximas horas em Moçambique serão de tomadas de posse e manifestações. O novo Parlamento toma posse em Maputo, enquanto Venâncio Mondlane convocou novos protestos até quarta-feira, dia da investidura de Daniel Chapo.

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RENAMO interrompeu discurso de Filipe Nyusi no Parlamento, em 20 de dezembro de 2023, durante o relatório anual sobre o estado da nação
Foto de arquivo: RENAMO interrompeu discurso de Filipe Nyusi na Assembleia da República, em 20 de dezembro de 2023, durante o relatório anual sobre o estado da naçãoFoto: Silaide Mutemba/DW

Para esta segunda-feira (13.01) está marcada a tomada de posse dos 250 deputados eleitos à X Legislatura da Assembleia da República. E na próxima quarta-feira (15.01), Daniel Chapo, candidato proclamado pelo Conselho Constitucional como vencedor das eleições de 9 de outubro de 2024, irá tomar posse como novo Presidente de Moçambique.

Segundo o correspondente da DW em Maputo Romeu da Silva, o ambiente registado esta manhã na capital era normal, mas com alguma timidez, sobretudo nos subúrbios, onde havia pouco transporte e muitas lojas ainda fechadas, por causa das manifestações que foram anunciadas para os próximos três dias em todo país por Venâncio Mondlane

De regresso ao país dois meses e meio depois, o candidato presidencial apoiado pelo PODEMOS apelou a novas manifestações pacíficas nos próximos três dias, contestando o processo eleitoral.

Venâncio Mondlane declara-se o "Presidente eleito pelo povo moçambicano"

Venâncio Mondlane, que é considerado por muitos moçambicanos como o "Presidente do povo", pediu à população para mostrar "quem é que manda" em Moçambique. "O povo vai demonstrar que a soberania está exatamente no povo", sublinhou.

"Temos de nos demonstrar na segunda-feira com cartazes contra os traidores do povo. Na quarta-feira, dia 15, vai ser contra os ladrões. Não há que destruir nenhuns bens privados, não há que destruir nenhuns bens públicos, Não há que atacar os nossos irmãos", apelou.

Apesar do apelo a nova onda de manifestações, Mondlane disse ontem em direto no seu Facebook, que está disponivel para uma pacificação nacional, exigindo algumas medidas para participar no diálogo político, visando por fim à tensão pós-eleitoral no país.

Boicote da oposição

Mas não são apenas muitos dos meros cidadãos moçambicanos que acompanham os apelos de Venâncio Mondlane. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) vão boicotar a tomada de posse dos deputados na Assembleia da República.

A "perdiz", antigo partido político de Mondlane, anunciou pelo seu porta-voz, Marcial Macome, que o partido da oposição não irá participar na tomada de posse dos deputados. "O partido Renamo entende que é preciso respeitar a vontade do povo. E a vontade do povo passa necessariamente por realização de eleições livres, justas e transparentes e não em eleições administrativas", disse Macome.

Em sentido contrário está o PODEMOS. O segundo partido mais votado nas últimas eleições, e que apoia Mondlane, estará presente para a tomada de posse dos deputados e tem até dois candidatos à Presidência da Assembleia da República: Carlos Tembe e Fernando Jone.

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