Quelimane: Edil convoca manifestações a partir de sexta
5 de dezembro de 2024O autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, quadro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), convocou manifestações gerais em toda a província da Zambézia a partir de sexta-feira (06.12) até à proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional (CC).
"Convocamos todos os zambezianos, em cada distrito, localidade e bairro desta vasta e rica província a erguerem as suas vozes de forma pacífica e ordeira, para exigir a reposição da verdade eleitoral", refere um comunicado do autarca enviado hoje à Lusa.
O membro da RENAMO, que não reconhece os resultados, convocou manifestações e marchas em toda a província, a começar esta sexta-feira, a partir das 15 horas locais, avisando que se trata de um direito constitucional.
Manuel de Araújo, presidente do município de Quelimane, foi candidato a governador da província da Zambézia nas eleições de 9 de outubro, onde a Comissão Nacional de Eleições (CNE) declarou vencedor Pio Matos, candidato suportado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
"Em respeito à memória dos heróis que fizeram desta pátria um solo livre e soberano, à Constituição da República e à vontade popular, dirijo-me ao povo da Zambézia para reiterar a nossa determinação em assegurar que a soberania popular seja respeitada", lê-se na mensagem do autarca.
Zambézia: bastião da democracia
No mesmo documento, Manuel Araújo afirma que a "Zambézia sempre escolheu" os seus dirigentes com recurso a processos democráticos, lembrando que as marchas por si convocadas são uma luta pelo lugar que é "bastião da liberdade, democracia e escolha consciente".
Insiste que, "mais uma vez, a Zambézia escolheu a RENAMO para liderar os destinos desta província”, tendo deixado um aviso. "E não permitiremos que a vontade soberana do nosso povo seja obliterada por quaisquer artimanhas ou manipulações".
Araújo afirma na referida convocatória que "esta é uma luta que transcende partidos políticos", sublinhando que se trata de "uma luta pelo respeito à democracia". Por isso, o autarca pediu a participação de toda a província nas próximas manifestações.
Alcançar a "verdade eleitoral"
O Conselho Constitucional afirmou em 25 de novembro estar a "trabalhar afincadamente" para alcançar a "verdade eleitoral" sobre as eleições gerais de outubro, antevendo a proclamação dos resultados finais por volta de 23 de dezembro.
Manuel de Araújo convocou as marchas numa altura em que o candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir de quarta-feira, em "todos os bairros" de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel.
"Todos os bairros em atividade forte", disse Venâncio Mondlane, convocando este novo período de contestação de 04 a 11 de dezembro.
O anúncio pela CNE, a 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela FRELIMO (partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.