Ex-vice-ministro preso na França
14 de julho de 2004As acusações que envolvem o nome do ex-vice-ministro alemão da Defesa, Ludwig-Holger Pfahls, não são poucas. Vão da suspeita de corrupção em vários processos, envolvendo o governo do ex-premiê Helmut Kohl, a indústria armamentista e até o nome da DaimlerChrysler, da qual Pfahls foi executivo.
Venda de tanques de guerra e refinaria
A principal "história" do caso Pfahls é sua participação, em 1991, na venda de tanques de guerra alemães para a Arábia Saudita. Segundo informações divulgadas pela mídia, Pfahls teria concretizado a venda de 36 tanques de reconhecimento Fuchs, até mesmo contra a vontade do então ministro do Exterior, Hans-Dieter Genscher.
Na transação, o ex-vice-ministro é acusado de ter embolsado nada menos que 1,9 milhão de euros, pagos pelo magnata da indústria armamentista, o também alemão Karlheiz Schreiber, hoje foragido no Canadá.
Outro caso na lista de acusações a Pfahls diz respeito à venda de uma refinaria na ex-Alemanha Oriental à gigante do setor, a francesa Elf Aquitaine. Na transação, acredita-se que 36 milhões de euros fluíram em direção a "comissões ilegais", das quais fez parte Dieter Holzer, uma das pessoas mais próximas de Pfahls.
Acúmulo suspeito de cargos
Embora Pfahls tenha sido incluído nos quadros da Daimler Benz já em 1990, ele viria a sair do Ministério da Defesa apenas em 1992. Consta que teria sido de interesse da montadora alemã manter Pfahls o maior tempo possível dentro do ministério.
O motivo: o avião de combate Jäger 90, em cuja produção estava envolvida uma das subsidiárias da DaimlerChrysler e cujo projeto, ainda em fase de desenvolvimento, era controverso dentro do governo Kohl. Em 1999, o ano em que começou sua fuga da Justiça, Pfahls teria recebido em Cingapura uma indenização por perdas e danos da montadora, no valor de 400 mil euros.
Uma comissão parlamentar de inquérito havia sido criada para investigar os casos de corrupção envolvendo sonegação de impostos pela conservadora União Democrata Cristã (CDU), partido do ex-chanceler federal Helmut Kohl. Mais uma vez surgia o nome de Pfahls como uma das figuras-chave, mas a CPI acabou sendo dissolvida em 2002.
Desaparecimento ambíguo
Pfahls, hoje com 62 anos, foi uma das pessoas mais próximas do ex-governador bávaro Franz-Josef Strauss, o principal mentor de sua carreira política. Após ser presidente do serviço secreto alemão para questões internas, Pfahls chegou ao posto de vice-ministro da Defesa em 1987.
Mais tarde, passaria a fazer parte dos quadros da Mercedes-Benz. Em 1995, assumia o posto de diretor da representação da montadora em Cingapura. Em 1999, Pfahls foi incluído na lista dos criminosos mais procurados pela polícia federal alemã.
Preso ao sair de sua residência, no chique 7º arrondissement de Paris, nas proximidades da Torre Eiffel, o ex-político já vinha sendo observado pela polícia francesa, que acumulou indícios de sua presença no país depois que algumas mensagens chegaram a seus advogados na Alemanha, vindas da capital francesa.
As condições de seu desaparecimento anterior, em 1999, foram ambíguas. O promotor Winfried Maier, que conduz as acusações, culpa seus antecessores de terem retardado a expedição do mandado de prisão contra Pfahls. A promotoria de Augsburg aguarda a deportação do acusado à Alemanha o mais breve possível.