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Protestos 4x4 pararam trânsito em Maputo durante uma semana

11 de dezembro de 2024

A "fase 4x4" das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane fica marcada por roubo de armas nas esquadras e vandalização das sedes da FRELIMO, proclamada vencedora das eleições, o que motivou a revolta popular.

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"Povo no poder" e "Agora é a nossa vez: Frases vistas em cartazes que marcaram a "fase 4x4" dos protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane
Foram sete dias em que muitos jovens em diversos bairros estiveram envolvidos nas manifestações da etapa 4x4, que chega ao fim esta quarta-feira (11.12)Foto: Romeu da Silva/DW

Das 08:00 às 16:00 horas, durante uma semana, milhares de viaturas foram obrigadas a parar onde quer que estivessem.

O cenário criou muitos transtornos para os utentes de transportes públicos em Maputo. Muitos foram obrigados a fazer mais de 20 quilómetros a pé debaixo de um calor intenso de 39 graus.  "Estou a vir a pé, desde a Costa do Sol e não há chapas", conta Joana Armando.

Todos tiveram de fazer sacrifícios. Se por um lado as pessoas desafiaram o calor e as longas distâncias, por outro os chapeiros faziam-se às rodovias logo cedo para parar às 8 horas.

Negócios afetados

O transportador Aurélio Chongo queixa-se da queda das receitas. "A receita varia. Mas o mínimo que a gente consegue é agora metade da receita estipulada", diz.

Durante estes oito dias foi difícil chegar ao centro da cidade, onde o comércio é intenso. Por isso, Carlos Bucuana, trabalhador numa loja, vê incertezas sobre o negócio. "Está mal isto, como se vê não está ninguém, não há clientes e nem sabemos se vamos receber este mês", afirma.

Rua de Maputo afetada pela "fase 4x4" dos protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane
Durante uma semana, das 08:00 às 16:00 horas, milhares de viaturas foram obrigadas a parar onde quer que estivessemFoto: Romeu da Silva/DW

Os pontos mais rigorosos para cumprimento das ordens de Venâncio Mondlane eram vários, mas o destaque foi para os bairros Luís Cabral, Benfica, Maxaquene, Polana Caniço e Hulene.

Um manifestante disse à DW que todos cumpriram o protesto, deixando claro que não houve lugar para vandalismos. "Estamos a mandar voltar carros e algumas motos ou devem desligar os motores. Não estamos a vandalizar carros de ninguém", sublinha.

Assaltos e vandalização

Mas esta "fase 4x4" foi igualmente caracterizada pelo assalto e ateamento de fogo às esquadras nos subúrbios de Maputo, onde foram roubadas armas. Nem as sedes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido proclamado vencedor das eleições de 9 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), escaparam.

Aquando do anúncio desta fase, a polícia tinha prometido tolerância zero para com as manifestações. Mas não conseguiu: nenhum apelo das autoridades parou a ação dos manifestantes, nem mesmo o gás da polícia nem as balas reais.

O porta-voz do comando geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Orlando Modumane, exigiu "a devolução imediata e incondicional de todas as armas de fogo roubadas durante as incursões protagonizadas por membros e simpatizantes do  Partido Popular Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS)" e exortou-os "a abster-se destas práticas criminosas."

Foram sete dias em que muitos jovens em diversos bairros estiveram envolvidos nas manifestações da etapa 4x4, que esta quarta-feira (11.12) chega ao fim, como deixou claro Venâncio Mondlane.

"Vamos encerrar a quarta fase da quarta etapa. As manifestações não vão parar, só que vamos dar um tempo para depois anunciar a etapa turbo v-8 na segunda-feira, 16 de dezembro", anunciou o candidato presidencial na terça-feira (10.12).

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