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Após cinco anos, tragédia ainda pesa sobre mineiros

5 de agosto de 2015

Desabamento da mina de San José, no Chile, gerou comoção internacional e deixou marcas profundas nos 33 sobreviventes. Muitos estão sem trabalho, enquanto outros transformaram desastre em oportunidade.

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Foto: Juan Mabromata/AFP/Getty Images

O desabamento da mina de San José, no Chile, que bloqueou o acesso às galerias e aprisionou os 33 mineiros, completa cinco anos nesta quarta-feira (05/08). Os trabalhadores chilenos ficaram presos a 700 metros de profundidade, sendo libertados 70 dias mais tarde, gerando comoção em todo o mundo.

Apesar do tempo transcorrido desde a inédita e bem sucedida operação de resgate, as milhares de toneladas de rochas que obstruíram as saídas da mina ainda parecem pesar pesam sobre a vida de muitos dos 33 mineiros.

"A verdade é que é difícil conseguir trabalho, porque os empresários têm medo de que denunciemos as más condições de segurança em suas minas", diz Omar Raygada, um dos 33.

Após a tragédia, os mineiros resgatados assumiram um compromisso não escrito de denunciar más condições de trabalho. "Se a mina em que começássemos a trabalhar não cumprisse as normas de segurança, deveríamos denunciar às autoridades", conta Raygadam.

Por esse motivo, muitos dos que saíram da mina como heróis, na pequena cápsula de resgate, estão hoje sem emprego fixo e realizam trabalhos temporários em empresas de transporte, construção ou como mecânicos. Em muitos casos, eles têm baixa renda, suficiente apenas para sobreviver.

Como se não bastasse, alguns dos sobreviventes, como Víctor Zamora e Ariel Ticona, ainda sofreram mais um golpe do destino em março deste ano, quando perderam suas casas após enxurradas que atingiram o norte do Chile.

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Mario Sepúlveda, o "Super Mario", deixou a mineração e se dedica a palestras motivacionaisFoto: AP

Reviravolta

Apenas alguns poucos dos mineiros conseguiram recuperar a estabilidade que tinham antes do acidente e transformar a tragédia numa nova oportunidade. É o caso de Daniel Herrera, de 32 anos, que após um ano e meio de tratamento psiquiátrico, decidiu voltar ao trabalho.

"Senti que precisava voltar a trabalhar, a licença estava me matando", afirmou. Após receber alta, ele voltou à mineração, mas apenas em locais abertos, além de se dedicar ao trabalho de guia do museu de Colchagua, dedicado aos 33 mineiros.

Ele assegura que, com o tempo e a ajuda psicológica, aprendeu a conviver com o ocorrido e a não se deixar abalar pelo peso das memórias. Herrera também afirma que, após a tragédia, recuperou "coisas muito importantes das quais estava me esquecendo", como desfrutar da companhia familiar e das pequenas coisas da vida.

Um dos mais bem-sucedidos membros do grupo dos 33 é Mario Sepúlveda, que se desligou completamente da mineração e hoje se dedica a realizar palestras motivacionais. "Acho que a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi ter ficado lá embaixo com esses 32 companheiros. Acredito que tudo acontece por algum motivo e que o acidente serviu para mostrar que o mundo pode se unir para fazer coisas maravilhosas", diz.

Sepúlveda ganhou fama ao desempenhar com desembaraço a função de apresentador das transmissões de dentro da mina, uma vez que as comunicações com o mundo exterior foram estabelecidas.

Chamado de "Super Mario" em razão de seu papel durante a catástrofe, Sepúlveda foi interpretado pelo ator Antonio Banderas no filme Los 33 (Os 33), que estreia nesta quinta-feira no Chile e retrata o dramático resgate dos sobreviventes. Outros atores que participam do filme são Rodrigo Santoro, Juliette Binoche, Gabriel Byrne e James Brolin.

RC/efe/dpa